A Origem e a Queda de ha’satan
UL [o Verbo, Yaohushua, o Filho de Ul’him (YAOHUH) – Jo 1:3; Hb 1:2] criou o universo e isso envolve o mundo espiritual. Logo após a boa criação [Ul’him dizia: …e isto é bom!] apareceu a influencia do mal. Os humanos optaram por seguir um caminho alternativo ao invés de seguir a proposta divina. O NT deixa claro que o arqui-inimigo de UL é ha’satan. Mas como ha’satan foi visto no AT? Aqui veremos as ocorrências de ha’satan no AT, bem como os textos e contextos onde aparecem (Jó 1-2; Zc 3:1,2; I Cr 21:1; Nm 22:22,32) e procura tirar conclusões sobre a visão que os escritores canônicos do AT tinham sobre ha’satan.
Ha’satan é uma criatura de UL e age como inimigo do povo de UL e atua como inimigo de UL. Ele nunca está em nível de igualdade com o Criador e nem consegue subverter Seus planos. Entende-se, assim, que ha’satan é um título ou função e não um nome. Assim, seria melhor traduzir ha’satan como adversário, acusador ao invés de Satan, evitando assim que as informações do NT [satanás, diabo, etc] sejam lidas para dentro do AT.
Na história do Universo nunca houve – nem haverá – traição maior. A criatura que representava a mais magnificente obra de seu Criador ressentiu-se de que sua glória era subordinada, de que o papel que lhe estava destinado era o de tão somente refletir a infinita majestade do UL que lhe deu o fôlego da vida. Dessa maneira, nasceu no coração de Lúcifer – exercendo o seu Livre Arbítrio – o desprezível impulso da rebelião. Esse impulso originou a insurreição angelical (um terço das criaturas celestiais o seguiram – Ap 12:5) que foi a mais terrível sedição na história em todos os tempos.
Uma questão preliminar
Por mais importante e original que tenha sido essa rebelião angelical, as Escrituras não incluem um registro específico do evento. No Antigo Testamento, ha’satan aparece pela primeira vez no relato da queda de Adan (Gn 3). Ali, no entanto, ele já era o tentador caído que seduziu os primeiros seres humanos ao pecado. Dessa forma, já no início das Escrituras, a queda de ha’satan é tratada como fato. Mas, por razões que não são esclarecidas em nenhum lugar, o próprio relato de sua queda está ausente nesse registro. Porém, devemos nos lembrar – e talvez isto explique a ausência de tal relato – que os patriarcas não tinham a perfeita noção de que havia um ser maligno agindo contra os seres humanos… Tal percepção só foi assimilada após o cativeiro babilônico. Um exemplo disto temos quando Mehu’shua atribui a “resistência” do faraó, à própria ação do Criador… Mais tarde vemos Daoud levantando um censo e a sua falha sendo atribuída ao Criador; porém esta mesma passagem em Crônicas [escrito após o cativeiro] já é atribuída ao “inimigo” – II Samuel 24.1 X 1 Crônicas 21:1,2.
Ainda assim, o evento é lembrado duas vezes nos escritos dos profetas: por Yahshua’yaohuh, em meio a uma inspirada crítica contra a Babilônia (Is 14:11-23), e, mais tarde, por Kozoq’ul, quando ele repreende duramente o rei de Tiro (Ez 28:11-19). Essas duas passagens contam-nos a maior parte do que sabemos sobre a queda de ha’satan.
Entretanto, aqui temos algumas dificuldades exegéticas. Em ambas as passagens, a menção da rebelião de Lúcifer [palavra que só surgiu na Vulgata] aparece abruptamente num contexto que não trata, especificamente, de ha’satan. Esse fato levou muitos estudiosos da Bíblia a rejeitar a idéia de que as passagens se referem a uma rebelião luciferiana e a insistir que elas focalizam exclusivamente os governantes humanos das nações pagãs às quais são dirigidas; como os judaicos ensinam…
Nota de o Caminho: Os judaicos, por não aceitarem o nosso Messias, tendem a manipular a Tanakh nas passagens messiânicas e nas que apontam para a luta entre o bem (o Verbo, Yaohushua) e o mal (ha’satan)…
Apesar disso, é preferível entender que Yahshua’yaohuh e Kozoq’ul propositalmente queriam levar os leitores para além dos crimes de reis humanos, guiando-os até a percepção do grande arquétipo do mal e da rebelião, o próprio ha’satan. É sempre bom lembrar que as pessoas más [anticristos], são facilmente usadas por há’satan em sua obra maligna. Daí, essas passagens incluem descrições que, mesmo levando em conta a inclinação ao exagero por parte de governantes da Antiguidade, não poderiam ser atribuídas a qualquer ser humano. O emprego da primeira pessoa do singular (por exemplo: “Eu subirei…”; “exaltarei o meu trono…”; “me assentarei…”) em Is 14:13-14 refletiria um nível de ostentação indicativo de insanidade, caso fosse proferido por um mero ser humano, mesmo em se tratando de um dos monarcas pagãos babilônicos, que a si mesmos divinizavam. E qual rei de Tiro poderia ser descrito como “cheio de sabedoria e formosura… Perfeito… nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado…” (Ez 28:12,15)?
Além disso, as Escrituras ensinam explicitamente que a perversidade do mundo visível é influenciada e animada por um domínio povoado por espíritos caídos, invisíveis (Dn 10:12-13; Ef 6:12), e que, em sua campanha traiçoeira e condenável de frustrar os propósitos do UL verdadeiro, esses espíritos maus são dirigidos por ha’satan, o “deus deste século” (II Co 4:4).
É característico dos escritores bíblicos fazer a conexão entre o mundo visível e o invisível, e isso de forma tão abrupta que pega o leitor momentaneamente desprevenido; principalmente aqueles desprovidos de conhecimento contextual, cultural e histórico. Quando Kafos expressou seu horror ante o pensamento da morte de Yaohu’shua, o Mestre lhe respondeu “Arreda, ha’satan!” (Mt 16:23; cf. 4:8-10). De forma semelhante, repentinamente e sem aviso, o profeta Dayan’ul pula de uma descrição profética sobre Antíoco Epifânio (Dn 11:3-35) para uma descrição similar do anticristo dos tempos do fim (Dn 11:36-45). Antíoco, governante selêucida no período intertestamentário, precede o vilão maior que tentará conturbar a terra nos últimos dias. Um salto abrupto e não-anunciado do mundo político ganancioso, auto-engrandecedor, visível, para o drama arquetípico que se desenrola num mundo invisível aos seres humanos; mas que, apesar de não ser visto, deu origem às atitudes denunciadas nessas passagens. Tal salto não está fora de lugar nas Escrituras.
Finalmente, por trás das conexões feitas nessas duas passagens pode muito bem estar um tema que frequentemente retorna nas Escrituras. Nos tempos primitivos da Terra após a queda, os rebeldes de Bavel estavam determinados a construir “uma cidade e uma torre” (Gn 11:4). A cidade era um centro de atividade comercial, enquanto a torre representava o ponto focal do culto pagão. Essa dupla caracterização do cosmo como expressão de egoísmo (o espírito ganancioso do comercialismo não-santificado) e de rebelião (a busca por ídolos do tipo trindade; imortalidade da ‘alma’ne nascimento virginal) ressoa ao longo de toda a Palavra de UL, chegando a um clímax em Apocalipse 17-18, onde anjos que se mantiveram fiéis a UL anunciam a tão esperada e muito merecida destruição da Babilônia religiosa e comercial.
É instrutivo notar que enquanto todo o trecho de Ez 26-28 repreende severamente a Tiro – o mais importante centro de comércio e de riqueza nos dias desse profeta – Is 14 denuncia Babilônia, que representa o centro da falsa religião ao longo de toda a Escritura. Talvez essa caracterização do cosmo caído como “cidade e torre” – tão importante naquilo que a Escritura afirma em relação ao mundo em rebelião contra UL – ajude a explicar o salto dado pelos profetas nas passagens que consideramos. Quando contemplavam a cultura de seu tempo, que incorporava perfeitamente um elemento do cosmo caído, cada um deles se sentiu compelido pelo Espírito [UL] a serviço de UL’HIM a focalizar a rebelião angélica dos tempos primitivos, a qual animava a rebelião humana que estavam denunciando.
Dessa forma, essas duas críticas severas, que identificam os espíritos perversos de cobiça inescrupulosa e rebelião espiritual, ajudam a explicar por que tais espíritos predominam tantas vezes ao longo da história humana. Os textos referidos, ao mesmo tempo, também antecipam a destruição profeticamente narrada em Apocalipse 17 e 18.
A linhagem de ha’satan
De Is 14 e Ez 28 emerge um quadro relativamente extenso de ha’satan antes de sua rebelião.
Sua pessoa: Ele foi o ser mais exaltado de toda a criação (Ez 28:13,15), a mais grandiosa das obras de UL, um ser celestial radiante, que refletia da maneira mais perfeita o esplendor de seu Criador. Assim, ele apropriadamente foi chamado de Lúcifer, na Vulgata. Essa palavra vem de uma raiz hebraica que significa “brilhar”, sendo usada unicamente como título para referir-se à estrela de maior brilho e cujo resplendor mais resiste ao nascimento do Sol. O nome Lúcifer tornou-se amplamente usado como título para ha’satan antes de sua rebelião porque é o equivalente latino dessa palavra. Na realidade, com certeza, o termo foi empregado com o sentido de expressão descritiva a despeito de ter-se tornado nome próprio.
Seu lugar: Ezequiel/Kozoq’ul afirmou que esse anjo exaltado estava “no Éden, jardim de UL” (Ez 28:13). Aqui, a despeito de muitos afirmarem que não se trata do Éden terreno que ha’satan invadiu para tentar a humanidade, mas sim à sala do trono em que UL habita em absoluta majestade e perfeita pureza (leia-se Is 6; Ez 1), o texto é claro ao nos remeter ao Jardim da Criação cf. Gn 3. Ez 28 também chama esse lugar de “monte santo de UL”, onde Lúcifer andava “no brilho das pedras” (v. 14). Essas descrições que não são apropriadas ao Éden terreno, são adequadas à sala do trono de UL, daí a confusão dos interpretes; porém, isto nos mostra o trafego livre que esta criatura tinha antes de sua queda!
Sua posição: ha’satan é denominado “querubim da guarda ungido” (Ez 28:14) em nossas bíblias atuais… Querubins [um anjo de 4 asas – Ez 1:6 ] representam a mais alta graduação da autoridade angélica, sendo seu papel guardar simbolicamente o trono de UL (compare os querubins esculpidos flanqueando a Arca da Aliança – o trono de YAOHUH – no Tabernáculo ou Templo, Ex 25:18-22; Hb 9:5; cf. Gn 3:24; Ez 10:1-22). Porém, o texto hebraico é mais claro uma vez que o descreve como “andando entre pedras afogueadas” e a palavra para esta descrição é Serafim/Saraph, um anjo de seis asas (Is 6:2). Lúcifer foi ungido (consagrado) por sentença deliberada de UL (Ez 28:14: “te estabeleci”) para a tarefa indizivelmente santa de guardar o trono do todo-glorioso UL’HIM. Ele é descrito como sendo dotado de beleza inigualável, vestido de luz radiante, equipado com sabedoria e capacidade ilimitadas, mas também criado com o poder de tomar decisões morais reais [livre arbítrio]. Portanto, a obrigação moral mais básica de ha’satan [lúcifer] era a de permanecer leal a UL, de lembrar sempre que, independentemente de quão elevada fosse a sua posição, seu estado era o de um ser criado.
A queda de ha’satan
Neste ponto, encontramo-nos diante de um dos mais profundos mistérios do universo moral, conforme revelado nas Escrituras: “Como é que o pecado entrou no universo?” Está claro que a entrada do pecado tem conexão com a rebelião de ha’satan. Mas, como foi que o impulso perverso surgiu no coração de alguém criado por um UL perfeitamente santo? Diante de tal enigma, temos de reconhecer que as coisas encobertas de fato pertencem a UL; as reveladas, no entanto, pertencem a nós (Dt 29:29). E três dessas realidades claramente reveladas merecem ser enfatizadas:
Primeiro: a queda de Lúcifer foi resultado de sua insondável e pervertida determinação de usurpar a glória que pertence unicamente a UL. Esse fato é explicitado em uma série de cinco afirmações que empregam verbos na primeira pessoa do singular, conforme registradas em Is 14:13-14. Nisto consiste a essência do pecado: o desejo e a determinação de viver como se a criatura fosse mais importante que o Criador.
Segundo: ha’satan é inteira e exclusivamente responsável por sua escolha perversa. Nisso existe uma dimensão inescrutável. Alguns têm argumentado que UL deve ter Sua parcela de responsabilidade por este (e todo outro) crime, porque, caso fosse de Seu desejo, poderia ter criado um mundo em que tal rebelião fosse impossível. Outros dizem que, se UL tivesse criado um mundo em que apenas se pudesse fazer o que o seu Criador quisesse, nele não poderiam ser incluídos agentes morais feitos à imagem de UL, dotados da capacidade de tomar decisões reais – e, consequentemente, de escolher adorar e amar a UL’HIM. Há verdade nessa observação, mas também há mistério. O relato deixa claro que o orgulho fez com que Lúcifer caísse numa terrível armadilha (Is 14:13-14; Ez 28:17; cf. I Tm 3:6), mas nada explica como tal orgulho de perdição pode surgir no coração de uma criatura de UL não caída e perfeita.
No entanto, não há mistério quanto ao fato de que ha’satan é, totalmente e com justiça, responsável pelo seu crime. Ez 28:15 afirma explicitamente que Lúcifer era perfeito desde o dia em que foi criado, “até que se achou iniquidade em ti”. A culpabilidade moral é dele, e apenas dele. Na verdade, em toda sua extensão, as Escrituras afirma que UL governa soberanamente o universo moral e controla todas as coisas – inclusive a maldade de homens e anjos – para que correspondam aos Seus perfeitos propósitos. Portanto, ela ensina que UL não deve e não será responsabilizado por essa maldade, em qualquer sentido.
Finalmente, por causa de sua rebelião, ha’satan tornou-se o arquiinimigo de UL [Yaohushua, o Filho de YAOHUH UL’HIM] e de tudo o que é divino. Sua queda – bem como a dos espíritos que se uniram a ele – é irreversível; não há esperança de redenção. Ha’satan foi privado da comunhão com o UL santo de forma final e irrecuperável. Para ser exato, ha’satan ainda tem acesso [moral] à sala judicial do trono do Universo por causa de seu papel de acusador dos irmãos; papel este que foi designado divinamente (Jó 1 e 2; Zc 3; Lc 22:31; Ap 12:10). Tal acesso moral [já que o acesso físico foi-lhe tolhido mediante o sangue derramado na cruz – Ap 12:11], no entanto, é destituído da comunhão com UL ou da Sua aceitação. Devido à sua traição, que foi a mais terrível na história do cosmo, ha’satan e seus anjos somente podem esperar a condenação e a punição eternas (Mt 25:41). Haverá antes, um período de mil anos onde de forma alguma poderá influenciar as mentes daqueles que nascerem dentro do governo terreal do nosso Messias. Tão somente depois disto [mil anos] ele exigirá que as pessoas – que não conheceram o que é ser tentado – façam a sua escolha: o bem ou o mal (Ap 20:1-10). Porém, o seu fim é a destruição total e definitiva – Na 1:9.
Ora, vem, santo Criador! Ap 22:20.
Amnao!
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