O Dom de Língua, Hoje!
I Co 14:12 “Assim, também vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a edificação da Igreja (Kehilah)”.
I Co 14:27, 40 – Se alguém falar em língua, que não seja mais que dois, ou quando muito três, e cada um por sua vez… Mas faça-se tudo decentemente e com ordem.
VERDADE PRÁTICA
Os dons são recursos concedidos pelo Criador para fortalecer e edificar a Igreja (Kehilah), espiritualmente.
INTRODUÇÃO
Vamos conhecer o verdadeiro propósito dos dons espirituais concedidos pelo Criador à sua Igreja (Kehilah). Os dons espirituais são recursos imprescindíveis do ETERNO para os seus filhos. O seu propósito é edificar-nos e unir-nos, fortalecendo assim a Igreja (Kehilah) de Cristo (I Tm 3:15).
- OS DONS NÃO SÃO PARA ELITIZAR O CRENTE
- A Oholyao coríntia: A oholyao em Corinto localizava-se numa cidade comercial e próxima do mar, sendo uma das mais importantes do Império Romano. Corinto era uma cidade economicamente rica, porém marcada pelo culto idolátrico, como todas as cidades gregas. Durante a segunda viagem missionária de Sha’ul, a Oholyao (congregação) recebeu a visita do apóstolo (At 18:1-18). Por conhecer muito bem a comunidade cristã em Corinto foi que o apóstolo dos gentios tratou, em sua Primeira Epístola dirigida àquela Oholyao (congregação), sobre a abundância da manifestação dos dons do Espírito, chegando a afirmar daquela Oholyao (congregação) que “nenhum dom” lhe faltava (I Co 1:7).
- Uma Oholyao (congregação) de muitos dons, mas carnal: Os dons espirituais concedidos pelo Criador à Oholyao (congregação) de Corinto tinham por finalidade prepará-la e santificá-la para o serviço do evangelho – a proclamação da Palavra do ETERNO naquela cidade. Todavia, além daquela Oholyao (congregação) não usar corretamente os dons que recebera do ETERNO, tinha em seu meio, divisões, inveja, imoralidade sexual, etc. Como pode uma Oholyao (congregação) evidentemente cristã ser ao mesmo tempo carnal e imoral? Por isso Sha’ul a chama de carnal e imatura (I Co 3:1,3). Com este relato, aprendemos que as manifestações espirituais na Oholyao (congregação) local não são propriamente indicadoras de seriedade, espiritualidade e santidade. Antes, porém, pode estar sendo usada pelo inimigo, fraudando tais dons (Mt 7:21-23). Uma Oholyao (congregação) onde predominam a inveja, contenda e dissensões, nem de longe pode ser chamada de espiritual, e sim de carnal!
- Dom não é sinal de superioridade espiritual: Muitos crêem erroneamente que os irmãos agraciados com dons da parte do ETERNO são, por isso, mais espirituais que os outros. Todavia, os dons do Espírito são concedidos pela graça do ETERNO. Por ser resultado da graça divina, não recebemos tais dons por méritos próprios, mas pela bondade e misericórdia do ETERNO. Que a mensagem de Yaohu’shua possa ressoar em nossa consciência e convencer-nos de uma vez por todas de que os dons não são garantia de espiritualidade genuína: “Muitos me dirão naquele Dia: Mestre, Mestre, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7:22,23).
- EDIFICANDO A SI MESMO E AOS OUTROS
- Edificando a si mesmo: Sha’ul diz que quem “fala língua estranha edifica-se a si mesmo” (I Co 14:4); e HOJE, muitos que falam em “línguas” erroneamente diz que Sha’ul incentiva o “falar em línguas”, usando esta passagem; porem isto é agir EGOÍSTICAMENTE, ato veementemente combatido pelo próprio Criador (Mc 8:34; Rm 2:8; I Co 13:4-6; 10:24; Rm 15:2 e Gl 2:20)! Isto não significa que o apóstolo proibia o falar em idiomas dvs, publicamente, mas ao fazê-lo de maneira racional, estaremos sendo usado para a edificação da oholyao, e consequentemente isto nos dará um prazer saudável…
- Edificando os outros: Os crentes de Corinto estavam falando línguas incompreensíveis [daí ele exortar sobre o verdadeiro dom – Há, por exemplo, tantas espécies de vozes no mundo, e nenhuma delas sem sentido; I Co 12:10]; e exerciam vários dons espirituais, mas não se preocupavam muito em ajudar as pessoas. Por isso, o apóstolo lembra que os dons só têm razão de existir quando o portador preocupa-se com a edificação da vida do outro irmão em Cristo (I Co 14:12). Em lugar de buscarmos prosperidade material, como se pudéssemos barganhar com o Criador visando “aumentar os membros dizimistas” da oholyaos, busquemos os dons espirituais. Agindo assim edificaremos a nós mesmos e também aos outros.
- Edificando até o não crente. Embora o apóstolo mostrasse que se alguém tivesse o verdadeiro dom de falar uma determinada língua estrangeira, seu desejo era que também esses mesmos crentes “profetizassem” [desse a Palavra] a fim de que a Oholyao (congregação) toda fosse edificada. Embora o próprio Sha’ul falasse diversas línguas, enfatizava a profecia, porque esta edificava a Oholyao (congregação) inteira, enquanto que o falar em uma determinada língua beneficiaria esporadicamente a oholyao, quando um estrangeiro estivesse presente – I Co 14:16-18, 27. Todos quantos vierem a frequentar nossas reuniões devem ser edificados, sejam crentes ou não. Por isso, não podemos escandalizar aqueles que não comungam a mesma fé que nós (I Co 14:23). Como eles compreenderão a mensagem do evangelho se em uma reunião não entenderem o que está sendo falado? (I Co 14:9). Se ele, o visitante, for estrangeiro e não estiver compreendendo a nossa língua, providencie-lhe um interprete! I Co 14:26-27.
III. EDIFICAR TODO O CORPO DE CRISTO
- Os dons na Oholyao (congregação): Na Primeira Carta aos Coríntios, Sha’ul dedica dois capítulos (12 e 14 – o cap 13 junta estes dois contextos) para falar a respeito do uso dos dons na Oholyao (congregação). O apóstolo mostra que quando os dons são utilizados com amor, todo o Corpo de Cristo é edificado. conforme lemos em Efésios 4:16, “os membros do corpo, cada qual com sua própria função concedida pelo Espírito, cooperam para o bem de todas. O amor é essencial para os dons espirituais alcançarem seu propósito”. Se não houver amor, certamente não haverá edificação (I Co 13). Sem o amor do ETERNO nos tornamos egoístas e acabamos por colocar nossos interesses em primeiro lugar. O propósito dos dons, que é edificar o Corpo de Cristo, só pode ser cumprido se tivermos o amor do ETERNO em nossa vida, cf. o cap 13 de I Coríntios.
- Os arquitetos do Corpo de Cristo: O Criador levanta homens para edificarem espiritual, moral e doutrinariamente a Oholyao (congregação) local. A Oholyao (congregação) é o “edifício do ETERNO” (I Co 3:9). Os ministros são os arquitetos (I Co 3:10). O fundamento já está posto: Yaohu’shua hol’Mehuskyah (I Co 3:11). Mas os ministros têm de tomar o cuidado com as pedras assentadas sobre este alicerce, pois eles também são partes na edificação espiritual da Igreja (Kehilah) de Cristo segundo a mesma graça concedida aos apóstolos. Por isso, Sha’ul faz uma solene advertência para a liderança hoje: “mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Yaohu’shua hol’Mehuskyah” (I Co 3:10,11). Gl 1:8-9.
- Despenseiros dos dons: O apóstolo Kafos exortou a Oholyao (congregação) acerca da administração dos dons do Criador (I Pe 4:10,11). Ele usou a figura do despenseiro que, antigamente, era o homem que administrava a despensa e tinha total confiança do patrão. O despenseiro adquiria os mantimentos, zelava para que não estragassem e os distribuíam para a alimentação da família. Desta forma, os despenseiros da obra do Criador devem alimentar a “família do ETERNO” (I Co 4:1; Ef 2:19). Eles precisam ter o cuidado no uso dos dons concedidos pelo Criador para prover a alimentação espiritual, objetivando a edificação do Corpo de Cristo: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça do ETERNO. Se alguém falar, fale segundo as palavras do ETERNO; se alguém administrar, administre segundo o poder que o Criador dá, para que em tudo o ETERNO seja glorificado por Yaohu’shua hol’Mehuskyah, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre” (I Pe 4:10,11). Amnao!
PORTANTO
A Oholyao (congregação) de Yaohu’shua hol’Mehuskyah tem uma missão a cumprir: proclamar o evangelho em um mundo hostil às verdades de Cristo e descrente do ETERNO. Diante desta tão sublime tarefa, a Oholyao (congregação) necessita do poder divino. Os dons espirituais são um “arsenal” à disposição do corpo de Cristo para o cumprimento eficaz de sua missão na terra. Como já foi dito, o propósito dos dons é edificar toda a Igreja (Kehilah), todo Corpo de Cristo para ser abençoado, exortado e consolado. Por isso, nunca devemos usar os santos dons do Criador em benefício particular, como se fosse algo exclusivo de certas pessoas. Somos chamados a servir a Igreja (Kehilah) do Criador, e não a utilizar os dons do ETERNO para nós mesmos.
O DOM DE LÍNGUA ESPECÍFICAMENTE
A palavra grega traduzida “línguas” significa literalmente “idiomas”. Por esta razão, o dom de falar em línguas é falar em uma língua que não se sabe falar…
O grande número de “igrejas” (denominações) e doutrinas diferentes que caracterizam nosso tempo tem trazido as mais diversas dúvidas aos membros das Oholyaos (congregações) históricas (tradicionais). Um desses dilemas é o “dom de línguas”… É muito divulgada, no meio evangélico, a idéia de que o crente espiritual deve falar em “línguas” (estranhas ou dos anjos) para que cresça em comunhão com “deus”, ou como resultado natural de um profundo conhecimento e experiência com “ele”.
O resultado é que crentes sinceros passam a se preocupar com sua saúde espiritual e com a comunhão da sua denominação com “deus” ao verem outras denominações repletas de prodígios, revelações e línguas. As próprias denominações históricas ficam, na mente de muitos, relegadas a um plano de superficialidade espiritual, rotuladas de “igrejas frias”; sem o “fogo do espírito santo”, o seu “3º deus”…
Vamos averiguar o que e Bíblia realmente ensina sobre o “dom de línguas” e comparar com as práticas e ensinos modernos a fim de nos posicionarmos diante desse dilema e seguirmos o ensino do Criador por intermédio dos apóstolos e profetas.
O que é o dom de línguas?
A Bíblia expõe o dom de línguas como uma capacitação sobrenatural que permitia que algumas pessoas falassem das grandezas do Criador em outro idioma sem que nunca o tivessem aprendido. O dom de línguas descrito na Bíblia não era fruto de exercícios ou de aprendizado, mas um “dom”, algo dado pelo Criador. Outra característica marcante desse dom é que ele não estava ao alcance de todos. Todo cristão recebia, e ainda recebe, algum dom do Santo Espírito, Yaohu’shua… Porém, o dom não era ou é escolhido pelas pessoas, mas dado pela onisciência do Criador para a edificação do corpo de Cristo (I Co 12:28-30; I Pe 4:10,11).
Além de cada crente possuir um dom distinto, em todas as listas de dons espirituais da Bíblia, o dom de línguas sempre aparece nos últimos lugares, a não ser em I Coríntios 13, onde Sha’ul discorre sobre a inutilidade dos dons sem a presença do amor. O fato é que o dom de língua ocupava uma posição secundária no plano de edificar a Oholyao (congregação). Tinha como principal objetivo – além de ser um sinal aos incrédulos e não aos crentes, cf. I Co 14:12-16 – o de permitir que a Palavra alcançasse outros povos (At 2:5-11).
As línguas pronunciadas por aqueles que possuíam o referido dom eram de natureza terrena (I Co 14:10). No Novo Testamento, duas palavras são usadas para se referir a línguas: Glossa e Dialéktos. A primeira significa “palavras”, ou língua (órgão anatômico). A segunda significa “idioma” ou “dialeto”. Esses sentidos apontam para línguas terrenas, idiomas utilizados ao redor do mundo.
Apesar da clareza dos termos, parte da confusão sobre o dom de línguas no Brasil se deve à tradução da versão “Almeida Revista e Corrigida”. Ela traduz a palavra glóssais (línguas) em I Co 14:5,6,23, com a expressão “línguas estranhas”. Isso deu margem ao entendimento equivocado de que as línguas fossem estranhas à raça humana, justificando a produção de sons e sílabas sem qualquer sentido ou a crença de se tratar de um idioma exclusivo dos anjos. Essa certamente não era a intenção dos tradutores da versão Almeida, pois resolveram este mal-entendido na versão “Almeida Revista e Atualizada”, com a expressão “outras línguas”…
A afirmação de que as línguas faladas pelos discípulos eram “línguas de anjos” não é verdadeira. Sha’ul combate os desvios e maus usos do dom de línguas em I Coríntios 14 normatizando sua utilização (colocando ‘ordem na casa’, educadamente), cortando os excessos cometidos na Oholyao (congregação) e proibindo algumas pessoas de exercê-lo no culto público. A preparação para esse tratamento começa no capítulo anterior: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine” (I Co 13:1). Sha’ul comparou as pessoas que falavam em outras línguas, mas que não amavam seus irmãos, a sinos ou gongos metálicos cuja única função era fazer barulho quando golpeados. Eram homens e mulheres que não desenvolviam “sua habilidade sobrenatural” para o bem dos outros, nem para o crescimento do Corpo de Cristo [Kehilah], mas para exibição pessoal e para serem admirados e invejados.
O apóstolo estava tão preocupado com a situação que, ao mostrar a necessidade do amor, utilizou uma figura de linguagem chamada hipérbole. A hipérbole consiste no exagero de uma expressão a fim de realçar uma idéia ou demonstrar a forte intensidade de um sentimento. Os três primeiros versículos do capítulo 13 são expostos sob esse prisma. No vs. 1 Sha’ul diz que falar “muitas” línguas sem amor é algo inútil e sem propósito. Ele estende o raciocínio e afirma que o mesmo se daria se alguém falasse até mesmo a “linguagem dos anjos”. Devemos notar que não há relatos na Bíblia de uma língua específica de anjos, pois em todas as vezes que os anjos falaram com os homens, o fizeram em idiomas humanos.
Sha’ul falou sobre “língua dos anjos” em I Co 13:1 para ressaltar, por meio de uma hipérbole, que não importava o quanto os irmãos de Corinto se impressionavam com esse dom – o amor era maior e necessário. Repito, ao falar em “línguas de anjos” não estava dizendo que os anjos tem uma língua própria e que quando estes se comunicam como seres humanos, falariam em suas próprias línguas… As Escrituras é farta em passagens onde ANJOS falaram com os seres humanos – a exemplo de Dn 10 – em nossas próprias línguas… Porém, HOJE – estes ”anjos“ aparentemente perderam o seu poder de nos falar em nossas próprias línguas, não é? A ponto de precisarem de interpretes; coisa rara nos cultos pentecostais onde a imensa maioria fala – grita – “línguas estanhas” e ninguém as interpretam!
Portanto, quando a Bíblia fala sobre o dom de línguas ela se refere a uma “capacitação exterior ao homem que o habilita a falar da glória do Criador em outro idioma humano (outras nacionalidades) não conhecido para aquele que fala.”
O dom de línguas é sinal de espiritualidade?
Dois livros bíblicos que tratam sobre o dom de línguas são Atos e I Coríntios. Atos não é um livro fundamentalmente normativo ou doutrinário. É uma obra histórica que narra corretamente os primeiros anos da Igreja (Kehilah) cristã. Por sua vez, I Coríntios é um livro doutrinário que traça normas claras de conduta visando o desenvolvimento da Igreja (Kehilah) através das Oholyaos (congregações). Apesar da diferença de enfoque, ambos os livros apontam para a mesma realidade a respeito das línguas.
É possível notar no livro de Atos que o dom de línguas não era sinal de maturidade espiritual. Apesar de sua primeira aparição ter-se dado em 120 “discípulos de Cristo” (At 2), em outras ocasiões se deu em recém-convertidos (At 10:44-46; 19:6,7). Em resumo, o livro de Atos olha para o dom de línguas de uma maneira positiva. Ele é a demonstração da volta de Yaohu’shua, em Espírito, sobre a Oholyao (congregação) como Ele prometera (Jo 14:18 cf Mt 16:18; 28:20)selando-nos a partir da nossa conversão (At 2:38 cf. Ef 1:13,14).
Em I Coríntios, o apóstolo Sha’ul trata do dom utilizado por crentes que, tendo condições de serem espirituais, comportavam-se ainda como carnais e mundanos (I Co 3:1,2). A Oholyao (congregação) de Corinto, apesar de ser rica em dons, não era uma congregação espiritual.
Mais uma característica do ensino de I Coríntios é que em parte alguma Sha’ul ensina que “todos” os crentes deviam falar em línguas. Em lugar disso ele afirma que cada crente recebe um dom dado segundo a vontade do Criador (I Co 12:11) para a edificação da Igreja (Kehilah). O fato de Sha’ul associar a falta de amor ao dom de línguas dentro da Oholyao (congregação) de Corinto (I Co 13:1; 14:1) demonstra que alguns não espirituais, estavam agindo como se fossem; SIMULANDO e ou desejando tais dons, E vai além, Sha’ul afirma expressamente que nem todos possuiriam o dom de línguas (I Co 12:28-30), como HOJE, exige-se do crente pentecostal.
Devido à inutilidade do dom de línguas sem que houvesse interpretação (I Co 14:9,16-19) e dos danos que podia causar ao Evangelho entre os visitantes (I Co 14.23-25), Sha’ul mostrava que o dom só se daria quando necessário – I Co 14:4. Assim, deu normas e proibições para o uso do dom de línguas no culto público: Não poderiam falar no culto todas as pessoas que tinham o “dom de línguas”, mas “apenas duas ou, no máximo, três”, no momento adequado e não ao mesmo tempo. Se ao falar não houvesse ninguém na Oholyao (congregação) que pudesse entender o idioma e traduzir para o restante da Oholyao (congregação), quem estava falando deveria se calar. Sha’ul diz que se não houvesse interpretação ninguém seria edificado (I Co 14:27,28). Seria o mesmo que hoje, entre nós, fosse convidado para nos exortar, um americano que não soubesse falar a nossa língua. Quem o entenderia? Seria necessário um interprete!
Quando o dom de línguas era exercido segundo essas regras, ele não podia ser proibido (I Co 14.39,40). Sha’ul também afirma que a espiritualidade dos crentes que falavam em outras línguas poderia ser avaliada não pelo fato de falarem, mas pelo fato de se submeterem a tais orientações (I Co 14:37,38).
Há diferenças entre as línguas de hoje em relação às dos do ‘Novo Testamento’?
Atualmente, o que se conhece por dom de línguas guarda diferenças marcantes entre o dom descrito e normatizado nas páginas no Novo Testamento. Quando olhamos para o fenômeno das línguas na ‘igreja moderna’, percebemos que ele difere diametralmente do dom na Oholyao (congregação) primitiva. Algumas características das línguas da atualidade são:
- Elas são consideradas sinal de espiritualidade e demonstração de que o “Espírito” age de uma maneira mais profunda naqueles que as falam.
- Todos os crentes são encorajados a “falar línguas” para progredirem espiritualmente.
- Há momentos no culto público em que todos, ou grande parte das pessoas, falam em línguas simultaneamente.
- Não se trata de idiomas, mas de sílabas unidas ao acaso e sem significado ou repetições de palavras e fonemas.
- São ensinados métodos para que pessoas que não falam em línguas possam aprender a falar por meio de relaxamento ou de treino.
- As línguas não são traduzidas a fim de haver edificação da Oholyao (congregação) e evangelização dos visitantes incrédulos.
- Há grande resistência quanto à aceitação e aplicação das normas que Sha’ul deu para o uso do dom de línguas; principalmente quanto se ter um culto ordeiro – I Co 14:40.
De onde vieram os conceitos atuais sobre o dom de línguas?
Uma análise histórica entre os séculos 12 e 19 mostra que os teólogos de maior expressão, tanto da antiguidade como da reforma protestante, não exerciam nem ensinaram a prática do dom de línguas. Durante todo esse tempo, a maioria dos casos em que esporadicamente se ouve falar sobre o dom de línguas é entre grupos como montanistas, jansenistas (católicos pietistas), quacres, shakers e mórmons.
Entretanto, o início marcante do dom de línguas da atualidade veio por intermédio do movimento conhecido como “Avivamento da Rua Azusa”, fundado em 1906 por William J. Seymour. Ele se inspirou em Charles Fox Parham, pioneiro da idéia de que o sinal específico do batismo do “Espírito Santo” (o 3º deus dos trinos) é “falar em línguas”.
A análise bíblica e histórica do dom de línguas e a presença de inúmeras contradições e diferenças entre o uso atual das línguas e o uso na Oholyao (congregação) primitiva levam-nos à conclusão de que o dom de línguas atual não é, de modo algum, a mesma experiência que a Igreja (Kehilah) apresentou no primeiro século. As normas de Sha’ul são o divisor de águas entre as línguas do passado e as de hoje.
Qual foi o propósito do dom no ‘Novo Testamento’?
A constatação da descontinuidade do dom de línguas descrito no Novo Testamento em relação à experiência atual levanta algumas perguntas. Uma delas é: “Se o dom de línguas da Oholyao (congregação) primitiva não servia aos propósitos difundidos na atualidade, qual era sua real função?”.
Em I Coríntios 14, Sha’ul não apenas proibiu o uso indevido do dom de línguas, como o taxou como secundário na edificação da Oholyao (congregação). Sha’ul também revelou o propósito “principal” das línguas: servir como um “sinal” do Criador para os incrédulos; além de levar a Palavra para quem a desconhece (I Co 14:22 cf. At 2:8-11).
Deuteronômio 28 contém dois tipos de promessa do Criador aos judaicos. O primeiro é a promessa de bênçãos pela obediência dos judaicos a Ele (Dt 28:1-14). O segundo é a promessa de castigo pela desobediência (Dt 28:15-68). Em meio à lista de castigos prometidos ao povo judaico caso “não dessem ouvidos à voz do Criador”, um deles fica em destaque: “O CRIADOR levantará contra ti uma nação de longe, da extremidade da terra virá, como o vôo impetuoso da águia, nação cuja língua não entenderás; nação feroz de rosto, que não respeitará ao velho, nem se apiedará do moço. Ela comerá o fruto dos teus animais e o fruto da tua terra, até que sejas destruído; e não te deixará cereal, mosto, nem azeite, nem as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas, até que te haja consumido. Sitiar-te-á em todas as tuas cidades, até que venham a cair, em toda a tua terra, os altos e fortes muros em que confiavas; e te sitiará em todas as tuas cidades, em toda a terra que o CRIADOR, teu Criador, te deu. Comerás o fruto do teu ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o CRIADOR, teu O Criador, na angústia e no aperto com que os teus inimigos te apertarão” (Dt 28:49-53).
Essa é a promessa de um grande castigo do Criador pela desobediência de Israel usando como instrumento de castigo uma nação poderosa. Essa nação seria estrangeira, pois falaria uma língua não seria entendida pelos israelitas. Esse povo, por fim, traria grande destruição e mortandade a Israel. Pouco antes de decretar tal punição, o Criador revelou que esses eventos seriam um “sinal” para os israelitas de que eles estavam sob a mão punitiva do Criador (Dt 28:46,47). Essa promessa se cumpriu algumas vezes de maneira clara e arrebatadora. Três datas notáveis desse cumprimento foram 722 a.Y., 587 a.Y. e 70 d.Y..
Em 722 a.Y., quando Israel/Yaoshor’ul estava divido em dois reinos – o reino do norte (Israel) com suas dez tribos, e o reino do sul (Judá) formado pelas tribos de Yaohu’dah e Beniamim – o reino do norte foi devastado pelos assírios e o povo foi levado cativo para a Assíria, onde foi miscigenado com outros povos (II Re 17:5,6,22,23). Em 587 a.Y., o mesmo aconteceu ao reino do sul. Yahshua’oleym, capital de Yaohu’dah, foi destruída junto com o Templo que Shua’olmoh havia construído para o culto ao ETERNO. Os habitantes foram exilados na Babilônia até o ano 539 a.Y. (II Re 25:8,9).
Prevendo esse tipo de punição, o Criador enviou profetas para alertar o povo dos seus pecados, conclamá-los ao arrependimento e anunciar o juízo caso não mudassem seu modo de agir. Entre esses alertas dois deles chamam a atenção para si:
– Yashua’yah pregou arrependimento ao povo garantindo que o Criador os perdoaria e purificaria. Contudo, alertou que a obstinação deles os tornaria alvo de “espada” (Is 1:16-20). Infelizmente, o povo não deu ouvidos à voz do Criador. Yashua’yah, então, profetizou a punição do Criador e disse que nem mesmo o castigo e o sinal de uma “língua estranha” seriam capazes de produzir arrependimento na nação de Israel (Is 28:11,12 cf. v.1).
– O Criador falou à nação de Yaohu’dah, por meio de Yarmi’yah, convidando-a ao arrependimento e à purificação (Jr 3:14,15). A exemplo de Yaoshor’ul (o Reino do Norte), Yaohu’dah (o Reino do Sul) também não deu ouvidos à voz do Criador. Portanto, o Criador usou Babilônia, sob o comando de Nabucodonosor, para castigar Yaohu’dah. Nesse caso, o “sinal” do juízo do Criador também foi dado por meio de um povo destruidor, cuja língua eles não entendiam (Jr 5:12-17).
Nos dias no Novo Testamento também houve uma grande destruição em Yahshua’oleym (70 d.Y..) e em todo o país. Os acontecimentos da guerra entre os judaicos e os romanos (66–70 d.Y..) não foram narrados nas Escrituras, mas a História não os deixou passar em branco. O historiador Flávio Josefo conta que Vespasiano derrotou e devastou toda a Galiléia, Peréia e Iduméia e partiu em direção a Yahshua’oleym. Nessa época, a cidade estava tomada e dividida por três partidos de judaicos que se destruíam mutuamente. Crimes, roubos e assassinatos aconteciam à luz do dia. Qualquer um que tentasse fugir de Yahshua’oleym era morto. Essa guerra civil custou o próprio mantimento de trigo que serviria para sustentar anos de cerco. A fome e o roubo de mantimentos pelos rebeldes em Yahshua’oleym chegaram a níveis insuportáveis.
Quando Vespasiano foi feito imperador, seu filho Tito assumiu o comando do exército romano e sitiou Yahshua’oleym. Em quinze dias tomou o primeiro muro e em mais nove, o segundo. Restando apenas a terceira muralha e o muro do Templo, Tito ofereceu, em vão, a paz aos judaicos. Como não houve rendição, depois de quatro meses de cerco o Templo foi invadido e, mesmo contra as ordens de Tito, foi queimado e destruído. Quinze dias depois, Yahshua’oleym estava completamente destruída e quem passasse por ali teria dificuldades em acreditar que ali fora um centro populoso. Os números da guerra, não levando em conta o quase meio milhão de hudaicos mortos em todo o território palestino e egípcio, foram: 97 mil prisioneiros e 1,1 milhão mortos em Yahshua’oleym por crimes, fome, peste e guerra.
O motivo de tamanha destruição foi o mesmo de 722 a.Y. e 587 a.C: desobediência às ordens do Criador. Quatro décadas antes Yaohu’shua pregou entre os judaicos e se apresentou como o Criador e Salvador. Ele transmitiu à nação as palavras e promessas do ETERNO a respeito da redenção mediante o arrependimento e a fé em Seu Filho (Jo 10:24-26,30; 14:6). O livro de Hebreus diz que Yaohu’shua falou aos homens do seu tempo assim como o ETERNO falou com os antigos por meio dos profetas (Hb 1.1,2).
Infelizmente, a reação dos judaicos a tais palavras não foi fé e obediência, mas rejeição e morte a Yaohu’shua (Jo 19:15,16). Novamente o povo deixou de obedecer e “não deu ouvidos à voz do ETERNO”. Desse modo, Yaohu’dah seria punida mais uma vez. O vislumbre do castigo que traria destruição a Yahshua’oleym e ao Templo fez com que Yaohu’shua anunciasse e lamentasse a terrível tragédia (Mt 24:1,2; Lc 19:41-44; 21:20-24).
Como das outras vezes, o Criador levantou uma nação poderosa para trazer castigo pela incredulidade e desobediência dos judaicos. A diferença é que, dessa vez, o instrumento usado pelo Criador (o povo romano – Dn 9:27) dominava sobre os israelitas havia mais de cem anos. Como o Criador prometeu que os castigos descritos em Deuteronômio 28 seriam “um sinal aos judaicos para sempre” (Dt 28:46,47), Ele possivelmente decidiu sinalizar o castigo por meio da Igreja (Kehilah). Para esse fim a Oholyao (congregação) passou a sinalizar tal juízo por intermédio de línguas estrangeiras que não eram entendidas pelo povo judaico. Por esse motivo Sha’ul diz que as línguas não eram para crentes, mas para incrédulos (I Co 14:21,22). O povo que rejeitou e matou o Filho do ETERNO, que se fez carne, estava sendo alertado sobre a dura punição que recairia sobre eles e sendo convidado ao arrependimento; havia estrangeiros entre eles…
A primeira vez que o dom de línguas ocorreu na História foi cinquenta dias após a morte de Yaohu’shua. Os 120 discípulos de Cristo que receberam Yaohu’shua, em espírito onipresente, começaram a falar em outros idiomas na presença de grande multidão de judaicos incrédulos de todas as partes do mundo. Ao ficarem espantados por verem galileus iletrados falando correta e claramente em idiomas de terras distantes, esses judaicos incrédulos foram repreendidos por Kafos a respeito do que fizeram com Yaohu’shua (At 2:22-24). Em vista disso, muitos deles se arrependeram e buscaram um meio de fugir da condenação por tão grande crime. Para eles Kafos ordenou que se arrependessem e se convertessem do caminho dos perversos (At 2:37-40). Diante da pregação e do anúncio da culpa, 3 mil deles foram convertidos somente nesse dia (At 2:41).
Desse modo, encontramos o propósito da concessão do dom de línguas à Oholyao (congregação). Ele foi o sinal que o Criador enviou aos incrédulos que apontava para o juízo que recairia sobre eles. E o fato de uma pequena porcentagem ter crido em tais promessas demonstra que o propósito do dom de línguas não era primariamente evangelizar os incrédulos, mas trazer sobre eles o juízo do Criador.
O dom de línguas ainda existe hoje?
O juízo que o dom de línguas sinalizava aconteceu no ano 70 d.Y. Estando Yahshua’oleym destruída por sua rejeição a Yaohu’shua e às palavras do Criador, o dom “atingiu seu propósito”. Não havia, a partir de então, o que ser sinalizado diante dos judaicos e, assim, o sinal “deixou de ser necessário”. Por isso, o dom de línguas cessou após a destruição de Yahshua’oleym no ano 70 d.Y.
Na verdade, esse não é o único exemplo na Bíblia que mostra que o Criador usa um sinal somente até que o fato sinalizado aconteça. Encontramos um bom exemplo em Cl 2:16,17. Sha’ul ensina aos colossenses que eles não deviam seguir os aspectos cerimoniais da Lei Levítica por serem “sombras das coisas que haveriam de vir”. Em outras palavras, eram sinais e símbolos de aspectos da obra redentora de Cristo que seriam cumpridos com sua vinda e morte na cruz – Mt 27:51. Depois que Cristo consumou sua obra, esses sinais perderam a utilidade. Por isso não fazemos mais sacrifícios… Gl 5:4. De forma semelhante, o dom de línguas deixou de existir assim que Yahshua’oleym foi destruída.
Conclusão
Portanto, o dom de línguas não mais existe desde a destruição de Yahshua’oleym pelos romanos na segunda metade do século 1, em meio à incrível mortandade de israelitas.
Se as “línguas” de hoje são tão confusas e diferentes [glossolalia] do que a Bíblia relata e ensina, é por serem uma tentativa de fazer artificialmente o que o Santo Espírito, Yaohu’shua, fez no passado com um propósito definido que não existe mais. É por isso que, em vez de buscar falar em línguas, os cristãos de hoje devem “dar ouvidos à voz do Criador” e priorizar o serviço e o amor ao ETERNO e aos homens com um coração fiel, submisso e transformado.
Sendo assim, os pentecostais (espíritas) estão tão cegos que não conseguem entender Mt 7:21-23; atrás desta passagem está a idéia do juízo. Em cada uma de suas partes podemos reconhecer a certeza de que algum dia, os tais ajustarão as contas. É possível que alguém consiga manter a máscara e o disfarce durante algum tempo, mas sempre chega o momento em que toda falsidade fica manifesta, e todo disfarce é arrancado. Possivelmente possamos enganar com nossas palavras aos homens, mas jamais poderemos enganar ao ETERNO. “De longe penetras os meus pensamentos” (Sl 139:2). Ninguém pode enganar ao Criador que vê o coração!
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